Se a série em questão é algo como One Piece, então, o problema fica ainda mais sério. Adaptar o mundo de um mangá com mais de setecentos capítulos e quase quinze anos de história, tentando ao mesmo tempo agradar aos fanáticos é, de fato, uma tarefa difícil. Felizmente, a produtora Ganbarion e a Bandai Namco conseguiram – pela terceira vez seguida.
Unlimited World Red é o terceiro jogo de
uma franquia nascida no Wii com Unlimited Adventures e consagrada por
sua sequência, Unlimited Cruise. A fórmula não mudou: são todos jogos de
aventura envolvendo exploração, crafting, lutas e muito fanservice.
Vale citar também que Red é originalmente um jogo de Nintendo 3DS, sendo
portado para outros consoles ao mesmo tempo em que foi trazido ao
ocidente.
A história segue os Piratas do Chapéu de
Palha, comandados por Monkey D. Luffy. É impossível resumir uma década
de conteúdo, mas o importante é saber que o objetivo de Luffy e sua
tripulação é alcançar o fim do mar conhecido como Grand Line para que
ele se torne o rei dos piratas. A era onde tudo se desenrola é uma
grande corrida para alcançar o fim deste oceano, onde Gold D. Roger, o
atual rei dos piratas, escondeu seu grande tesouro. Com personagens
bizarros e poderes espalhafatosos, One Piece cativou a muitos e se
tornou a série de mangá mais vendida da história.
Unlimited World Red faz um bom trabalho
em amarrar a história do game com a oficial, justificando a existência
do vilão Red Count com o arco de Impel Down, em que o personagem Barba
Negra liberta alguns prisioneiros. O design do personagem foi criado
pelo próprio Eiichiro Oda, autor de One Piece. Tirando a premissa forte,
no entanto, o enredo do jogo cai aos pedaços enquanto os protagonistas
lutam sem motivo certo com inimigos antigos em lugares já visitados, sem
questionar. A falta de impulso deste quesito, no entanto, é
compreensível, já que o objetivo do jogo é simplesmente revisitar as
aventuras dos Chapéu de Palha e, assim, apresentá-las também aos que não
as conhecem. Infelizmente, o trabalho do jogo nesta área é medíocre.
São nestes cenários que a coisa fica
interessante. Escolhendo uma equipe de três integrantes dentre os nove
tripulantes disponíveis, cabe ao jogador explorar com atenção todas as
áreas, coletando itens e derrotando inimigos. Os níveis são bem lineares
e isolados, sem nenhuma conexão com o hub central a não ser por um
pequeno menu. Mas as cores vivas e fidelidade em relação à obra são
notáveis e acabam fazendo valer a pena. A variedade dos cenários não
peca e acaba dando ao jogo muita profundidade, já que é necessário
coletar certos itens disponíveis apenas em lugares específicos, ou
voltar ao mesmo cenário com uma equipe diferente para acessar áreas
secretas – você pode precisar utilizar o esqueleto Brook, por exemplo,
para correr sobre a água e chegar a um novo tesouro.
Para melhorar seus itens, acessar quests adicionais, salvar seu jogo e acessar as diferentes fases, temos a cidade TransTown, que serve como o ponto central da aventura. Aqui, só é possível jogar com Luffy, e entra em cena um sistema de movimentação muito interessante: apertando o botão X nos lugares certos, o pirata se lança de prédio em prédio, cortando pela metade o tempo que gastaria andando. A implementação desta ótima mecânica apenas na área central do jogo é questionável, mas não muda o fato de que é divertido e serve também como um serviço aos fãs, que reconhecem de longe o movimento utilizado por Luffy.
Transtown e seus moradores cumprem seu papel. É necessário falar com todos e fazer quests para aumentar os estabelecimentos da cidade, como adicionar uma farmácia e uma fábrica, por exemplo.
Mas a falta de carisma de todos e a pequena área da cidade tornam este ponto de Unlimited World Red, novamente, um retrocesso em relação aos seus antecessores. No segundo jogo, Cruise, o famoso navio da tripulação funcionava de ponto central, e o primeiro nem mesmo possuía um, tendo ao invés disso um grande mundo interconectado. Tendo em vista que o jogo veio de um portátil, não é de surpreender que eles tiveram de economizar no tamanho das áreas, mas não deixa de ser uma chateação.
O ponto forte do game, obviamente, está nas batalhas. Cada um dos tripulantes é único e possui seus próprios movimentos e estilo de batalha, assim como detalhes feitos especialmente aos fãs. Franky, por exemplo, muda seus estilos de cabelo constantemente, assim como no mangá e anime. Os ataques são todos chamativos e únicos, passando uma boa sensação de impacto e cumprindo seu papel. Os inimigos vêm todos em grupo, e o jogador sempre tem a sua disposição os três membros de sua equipe, podendo serem facilmente alternados com botão Select.
Os combates são simples o bastante e envolvem combos que não requerem muita habilidade para serem feitos, mas são tão recompensadores quanto se precisassem. Conforme o jogador bate nos inimigos, sua barra de especial enche e ele pode liberar um ataque especial em trio ou sozinho. Os ataques de cada personagem são ótimas referências à série e vão ser o principal motivo para você continuar voltando ao jogo e subindo o nível de seus personagens no rudimentar sistema de RPG, que consiste no equipamento de palavras e frases com diferentes efeitos. Estas palavras são coletadas pelos cenários e também são necessárias para o avanço do jogo
Os encontros se tornam repetitivos por
serem quase sempre iguais, mas há uma grande variedade de inimigos e, em
todo nível, há um chefe que muda um pouco o ritmo das coisas. Estes já
têm ataques tão poderosos quanto os seus e muito bonitos de se assistir.
Quando o Crocodile der seu show de areia, é bom tomar cuidado para não
ficar boquiaberto com os efeitos de areia e desviar logo.
Em termos de conteúdo, o jogo é um pacote
sólido, oferecendo cerca de doze horas de aventura distribuídas entre o
modo de história principal e o modo Coliseu, onde uma segunda narrativa
acontece entre as batalhas, que podem ser lutadas com vinte personagens
jogáveis diferentes. Há também o modo multiplayer cooperativo, em que
um segundo jogador toma o controle de outro membro da equipe e avança
pela história principal. No entanto, esta funcionalidade foi cortada de 4
jogadores no console original para 2 jogadores em sua versão HD.
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