domingo, 3 de agosto de 2014

One Piece: Unlimited World Red

Quando um jogo usa como tema o universo de uma série já consagrada, surge o velho dilema: como agradar aos fãs já existentes e, ao mesmo tempo, atrair novos jogadores?

Se a série em questão é algo como One Piece, então, o problema fica ainda mais sério. Adaptar o mundo de um mangá com mais de setecentos capítulos e quase quinze anos de história, tentando ao mesmo tempo agradar aos fanáticos é, de fato, uma tarefa difícil. Felizmente, a produtora Ganbarion e a Bandai Namco conseguiram – pela terceira vez seguida.
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Unlimited World Red é o terceiro jogo de uma franquia nascida no Wii com Unlimited Adventures e consagrada por sua sequência, Unlimited Cruise. A fórmula não mudou: são todos jogos de aventura envolvendo exploração, crafting, lutas e muito fanservice. Vale citar também que Red é originalmente um jogo de Nintendo 3DS, sendo portado para outros consoles ao mesmo tempo em que foi trazido ao ocidente.

A história segue os Piratas do Chapéu de Palha, comandados por Monkey D. Luffy. É impossível resumir uma década de conteúdo, mas o importante é saber que o objetivo de Luffy e sua tripulação é alcançar o fim do mar conhecido como Grand Line para que ele se torne o rei dos piratas. A era onde tudo se desenrola é uma grande corrida para alcançar o fim deste oceano, onde Gold D. Roger, o atual rei dos piratas, escondeu seu grande tesouro. Com personagens bizarros e poderes espalhafatosos, One Piece cativou a muitos e se tornou a série de mangá mais vendida da história.

Unlimited World Red faz um bom trabalho em amarrar a história do game com a oficial, justificando a existência do vilão Red Count com o arco de Impel Down, em que o personagem Barba Negra liberta alguns prisioneiros. O design do personagem foi criado pelo próprio Eiichiro Oda, autor de One Piece. Tirando a premissa forte, no entanto, o enredo do jogo cai aos pedaços enquanto os protagonistas lutam sem motivo certo com inimigos antigos em lugares já visitados, sem questionar. A falta de impulso deste quesito, no entanto, é compreensível, já que o objetivo do jogo é simplesmente revisitar as aventuras dos Chapéu de Palha e, assim, apresentá-las também aos que não as conhecem. Infelizmente, o trabalho do jogo nesta área é medíocre.
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São nestes cenários que a coisa fica interessante. Escolhendo uma equipe de três integrantes dentre os nove tripulantes disponíveis, cabe ao jogador explorar com atenção todas as áreas, coletando itens e derrotando inimigos. Os níveis são bem lineares e isolados, sem nenhuma conexão com o hub central a não ser por um pequeno menu. Mas as cores vivas e fidelidade em relação à obra são notáveis e acabam fazendo valer a pena. A variedade dos cenários não peca e acaba dando ao jogo muita profundidade, já que é necessário coletar certos itens disponíveis apenas em lugares específicos, ou voltar ao mesmo cenário com uma equipe diferente para acessar áreas secretas – você pode precisar utilizar o esqueleto Brook, por exemplo, para correr sobre a água e chegar a um novo tesouro.

Quebrando um pouco o ritmo da exploração, existe a caça de insetos e a pesca, ambos simbólicos da série. Após conseguir os itens necessários, a rede e a vara de pescar podem ser acessadas a qualquer momento para que o jogador capture o que for necessário. Na hora de prender os animais, no entanto, é necessário completar um pequeno minigame que pode se tornar maçante rapidamente, além de requerer upgrades em suas ferramentas logo no começo, já que uma vara inicial não pesca nem o menor peixe. O que deveria ser um relaxamento se torna uma tarefa, algo que definitivamente é um retrocesso em relação aos outros dois títulos da série, em que isso era muito mais rápido e divertido. Mesmo assim, a variedade de peixes e insetos, além de sua utilidade, faz o suor valer a pena.
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Para melhorar seus itens, acessar quests adicionais, salvar seu jogo e acessar as diferentes fases, temos a cidade TransTown, que serve como o ponto central da aventura. Aqui, só é possível jogar com Luffy, e entra em cena um sistema de movimentação muito interessante: apertando o botão X nos lugares certos, o pirata se lança de prédio em prédio, cortando pela metade o tempo que gastaria andando. A implementação desta ótima mecânica apenas na área central do jogo é questionável, mas não muda o fato de que é divertido e serve também como um serviço aos fãs, que reconhecem de longe o movimento utilizado por Luffy.

Transtown e seus moradores cumprem seu papel. É necessário falar com todos e fazer quests para aumentar os estabelecimentos da cidade, como adicionar uma farmácia e uma fábrica, por exemplo.

Mas a falta de carisma de todos e a pequena área da cidade tornam este ponto de Unlimited World Red, novamente, um retrocesso em relação aos seus antecessores. No segundo jogo, Cruise, o famoso navio da tripulação funcionava de ponto central, e o primeiro nem mesmo possuía um, tendo ao invés disso um grande mundo interconectado. Tendo em vista que o jogo veio de um portátil, não é de surpreender que eles tiveram de economizar no tamanho das áreas, mas não deixa de ser uma chateação.

O ponto forte do game, obviamente, está nas batalhas. Cada um dos tripulantes é único e possui seus próprios movimentos e estilo de batalha, assim como detalhes feitos especialmente aos fãs. Franky, por exemplo, muda seus estilos de cabelo constantemente, assim como no mangá e anime. Os ataques são todos chamativos e únicos, passando uma boa sensação de impacto e cumprindo seu papel. Os inimigos vêm todos em grupo, e o jogador sempre tem a sua disposição os três membros de sua equipe, podendo serem facilmente alternados com botão Select.
Os combates são simples o bastante e envolvem combos que não requerem muita habilidade para serem feitos, mas são tão recompensadores quanto se precisassem. Conforme o jogador bate nos inimigos, sua barra de especial enche e ele pode liberar um ataque especial em trio ou sozinho. Os ataques de cada personagem são ótimas referências à série e vão ser o principal motivo para você continuar voltando ao jogo e subindo o nível de seus personagens no rudimentar sistema de RPG, que consiste no equipamento de palavras e frases com diferentes efeitos. Estas palavras são coletadas pelos cenários e também são necessárias para o avanço do jogo
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Os encontros se tornam repetitivos por serem quase sempre iguais, mas há uma grande variedade de inimigos e, em todo nível, há um chefe que muda um pouco o ritmo das coisas. Estes já têm ataques tão poderosos quanto os seus e muito bonitos de se assistir. Quando o Crocodile der seu show de areia, é bom tomar cuidado para não ficar boquiaberto com os efeitos de areia e desviar logo.

Visualmente,Red, é muito bonito, com modelos sólidos e cores vivas. É impressionante o jogo ser originalmente de 3DS, mas independente disto, as versões em HD não ficam atrás nem mesmo no seu próprio hardware, utilizandocel shadinge cores fortes para causar uma boa impressão no jogador. O mesmo pode ser dito do áudio, que é inteiro em japonês e apenas legendas em inglês. Quase todos os diálogos, com exceção das conversas menos importantes, são dublados, algo que se encaixa perfeitamente em um título baseado em uma série oriental.
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Em termos de conteúdo, o jogo é um pacote sólido, oferecendo cerca de doze horas de aventura distribuídas entre o modo de história principal e o modo Coliseu, onde uma segunda narrativa acontece entre as batalhas, que podem ser lutadas com vinte personagens jogáveis diferentes. Há também o modo multiplayer cooperativo, em que um segundo jogador toma o controle de outro membro da equipe e avança pela história principal. No entanto, esta funcionalidade foi cortada de 4 jogadores no console original para 2 jogadores em sua versão HD.

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