sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Você não vai acreditar no nível a que a pirataria de smartphones chegou



Você compraria um smartphone Samsung Galaxy S5 ou um iPhone 5S por R$ 600? A oferta parece tentadora, uma vez que cada um desses aparelhos dificilmente está disponível nas lojas por valores abaixo dos R$ 1.800. Entretanto, aparelhos das mais diversas marcas são oferecidos em sites por valores consideravelmente mais baixos.

E, se você imagina que estamos falando de uma cópia de baixa qualidade, prepare-se para ficar impressionado: muitas vezes, os falsos aparelhos oferecem mais recursos ou se apresentam de forma mais interessante ao consumidor que mesmo aqueles mais experientes na análise de celulares podem ficar em dúvida.

Entramos no submundo dos smartphones piratas e mostramos agora cada detalhe dos aparelhos vendidos a preços atrativos, mas que podem deixar o consumidor na mão por diversas razões. É preciso tomar muito cuidado, mesmo na hora de comprar o produto em grandes lojas, uma vez que há uma linha tênue entre o que foi originalmente proposto pelo fabricante e o que pareceu mais interessante para aquele que o copiou.
Compramos três celulares piratas

Para a realização deste artigo, o TecMundo adquiriu três modelos de smartphone para dissecar as configurações de cada um deles. Por R$ 600 cada, compramos um iPhone 5S e um Samsung Galaxy S5; além disso, com mais R$ 1 mil compramos ainda um Samsung Galaxy Note 3. Todos os aparelhos foram comprados em território nacional, sem a necessidade de importação. Vamos conhecer agora cada detalhe dos celulares adquiridos.
Samsung Galaxy S5
Caixas lado a lado

Colocando lado a lado a caixa de um Galaxy S5 original e a caixa de um Galaxy S5 pirata é praticamente impossível identificar diferenças entre eles. Ambas têm o mesmo tamanho, o mesmo formato, são feitas do mesmo material e possuem a mesma qualidade de impressão. Note que a versão original possui uma tonalidade mais escura, mas para quem nunca viu a caixa verdadeira, esse é um item difícil de ser percebido.



Na parte traseira, as inscrições das duas caixas mostram que o aparelho é exatamente o mesmo, uma vez que a lista de especificações de hardware é igual nas duas versões. A única diferença fica por conta da versão do modelo – o original é o SM-G900H enquanto o falso é o SM-G900. Por conta das diversas variações existentes no mercado, não podemos determinar esse item como fundamental na hora de identificar a procedência do aparelho.



Numa análise minuciosa com os produtos dentro das caixas, não há como identificar qual aparelho é original e qual aparelho é falso. Ou seja, é preciso redobrar o cuidado nesse aspecto e somente verificando o produto de perto é possível descobrir a real autenticidade de cada um deles.
Conteúdo da caixa

Ao abrir a caixa, além do aparelho, encontramos os mesmos itens nas duas embalagens: fones de ouvido, carregador para tomada e cabo USB para transferência de dados. Nesse último item, uma curiosidade. A versão original é vendida com um cabo USB 2.0 enquanto a versão pirata conta com um cano USB 3.0, portanto melhor e capaz de transferir dados mais rapidamente.

Aparelho original, à esquerda, e aparelho pirata, à esquerda

Os fones de ouvido têm aspecto similar, mas é possível notar um acabamento inferior na versão que acompanha o produto pirata. A parte plástica não possui uma camada de brilho recobrindo o visual e há um encaixe emborrachado mais grosseiro na parte que separa o fone dos seus fios. Os fios, aliás, também não são os mesmos. A versão original conta com cabos mais largos e difíceis de serem enrolados.
Aparência externa

Escolhemos a versão dourada do Galaxy S5 pirata e, para a nossa surpresa, as duas versões são idênticas: é praticamente impossível reconhecer aspectos que denotem que o produto não é original, mesmo em uma comparação lado a lado. Analisando o aparelho isoladamente, é pouco provável que mesmo o mais experiente dos analistas identifique logo de cara se o aparelho é original ou não.

Aparelho original é o branco. Note a logo desalinhada no modelo pirata.

O peso dos produtos é similar: 143 gramas no original e 141 gramas no falso. As laterais são exatamente iguais, sendo impossível reconhecer diferenças entre elas. O material de constituição da tampa traseira é exatamente o mesmo. Um detalhe sutil é a logo da Samsung, que no modelo pirata está mais desalinhada que no modelo original.

Aparelho original é o branco. Note os sensores desalinhados no aparelho pirata.

Ainda na parte traseira, é possível ver a cor azul na saída dos alto-falantes do produto falso, quanto o original é na cor prata. Por fim, no modelo pirata o sensor da câmera é menor do que no modelo original, assim como eles parecem estar desalinhados. O detalhe é sutil e, possivelmente, só é percebido em um comparativo.



Na parte frontal, outra diferença sutil. A saída de áudio do modelo falso é uma peça saliente enquanto no modelo original ela é vazada, ou seja, fica pouco abaixo do nível da tela. A retroiluminação dos botões capacitivos também chama a atenção: no modelo original ela é nítida e forte enquanto na versão pirata ela é difusa e apagada. A consistência do botão Home também é diferente e no modelo falso ele parece estar mal encaixado.
Hardware modificado



É no hardware que estão as principais diferenças entre um aparelho pirata e um modelo original. A primeira delas pode ser notada logo ao ligar o celular falso: a qualidade da tela fica muito abaixo do modelo original. Enquanto o Galaxy S5 original tem display com resolução de 1080x1920 pixels, resultando em uma densidade de pixels de 480 ppi, a versão falsa tem resolução de apenas 540x960 pixels, resultando em uma densidade de pixels de 240 ppi.

A versão do sistema operacional também é diferente: enquanto o original conta com Android 4.4.2, o pirata vem com o Android 4.2.2. Ainda no modelo falso, chipset e processador são completamente diferentes: um universal5410 dual-core com 1,3 GHz no lugar do MSM8974 quad-core de 2,4 GHz.

As configurações ficam abaixo também quando o assunto é memória RAM e espaço de armazenamento: são 512 MB de RAM e 4 GB de armazenamento onde deveria ter 2 GB de RAM e 16 GB de armazenamento. Por fim, há diferença também na qualidade de imagem capturada pelas câmeras: o modelo original conta com câmera traseira de 16 megapixels e câmera frontal de 2 megapixels. No Galaxy falso, são 13 megapixels na parte traseira e uma câmera frontal VGA.

Existem diversos aplicativos que podem ser utilizados para que você possa identificar quais são os componentes do aparelho que você tem em mãos. Nessa análise, utilizamos o app Phone Specs para descobrir quais são os itens presentes no produto. Apesar disso, nesse ponto vale ainda outro alerta: é possível enganar esses softwares utilizando inscrições falsas para leitura. Por isso, se vir algo que parece correto, mas que na prática se mostra diferente, desconfie.
Diferenças também no software

Não é só no hardware que estão as diferenças entre a versão original e a falsificada. Há itens de software que denunciam claramente como o modelo falso é inferior à versão original. O mais notável, ao menos nesse caso, certamente é a ausência de diversos sensores, como o de impressões digitais e o de gestos.



Alguns apps exclusivos da Samsung, como o S-Health, também não estão presentes. Em seu lugar há uma série de softwares de terceiros como o Elan Heartbeat (para mensurar batimentos cardíacos). Ao clicar no Samsung Hub, o usuário é direcionado para a Play Store. Por fim, o modelo conta ainda com Rádio FM, recurso indisponível no Galaxy S5 original.
iPhone 5S
Caixas lado a lado

Um olhar mais apurado é suficiente para notar que há alguma diferença entre a caixa do iPhone 5S original e o pirata. Embora tenham o mesmo visual, no acabamento da caixa do produto da Apple há uma espécie de laminação, que deixa a textura mais lisa. A caixa do aparelho pirata possui uma impressão de qualidade inferior e um aspecto mais áspero.

Caixa do aparelho original, à esquerda.

A diferença de acabamento é também mais perceptível na parte traseira. Enquanto no modelo original o texto está alinhado e é escrito com uma fonte padrão, em tamanhos distintos, na caixa do aparelho pirata há uma etiqueta colada de forma abrupta. As letras estão esticadas e praticamente não há diferenciação no tamanho das fontes de texto.

Caixa do aparelho pirata à direita.

Essa falta de cuidado é um item fundamental para que você possa perceber que há algo de errado. Grandes empresas, como Apple e Samsung, não costumam falhar nesse quesito, se preocupando bastante com a apresentação final do produto. Não é o caso aqui. Entretanto, embora seja fácil perceber isso em um comparativo direto, observando-se o modelo pirata individualmente comprova-se que a falsificação é bastante eficiente.
Conteúdo da caixa

Além do smartphone, o conteúdo da caixa de ambos os produtos revela basicamente os mesmo itens: cabo USB, carregador para tomada e fones de ouvido. A diferença nesse caso é que no modelo original há uma manual de instruções impresso, enquanto no aparelho pirata não há nada impresso disponível.

Caixa do aparelho pirata à direita.

Não há diferença alguma entre os cabos USB e os carregadores para tomada. No caso dos fones de ouvido, o visual também é exatamente idêntico. Entretanto, é na qualidade sonora que você conseguirá perceber alguma diferença. A saída de áudio dos fones de ouvido presentes no aparelho pirata possui uma proteção mais fina do que a do fone original. Graves e agudos são muito mais ressaltados no fone original, enquanto no modelo pirata a qualidade é inferior.
Aparência externa

Diferente do que aconteceu no Galaxy S5, o acabamento final mais grosseiro do iPhone 5S pirata acaba entregando que o aparelho tem algo de errado. Na versão falsa, na lateral direita, não há um detalhe de acabamento dentre os botões de volume e a trava sonora do aparelho é construída sem nenhum acabamento interno. Na parte superior, o botão também mostra um encaixe pouco preciso no modelo pirata.

Na parte frontal, a diferença está na saída de áudio do telefone, onde notadamente o speaker conta com uma construção mais sólida no modelo original. Na versão pirata, há um LED localizado ao lado da saída de áudio do telefone, algo inexistente no iPhone 5S original. Na lateral ainda é possível perceber encaixes mal feitos e um acabamento que não é digno de um produto premium.

iPhone 5s falso à direita.

O peso do aparelho pirata é de 102 gramas, contra 112 gramas da versão original. Apesar de ser um pouco mais leve, mais uma vez é preciso reconhecer que o trabalho desenvolvido pelos falsificadores é quase perfeito. Sem um aparelho de referência, o consumidor pode ser facilmente confundido, levando para casa um produto falso, mas que engana muito bem.
Hardware modificado

    


O iPhone 5S é um aparelho completamente modificado em relação ao modelo original. A começar pelo sistema operacional, que em vez do iOS é o Android. A resolução de tela do modelo falso é bem abaixo da resolução original: são 480x854 pixels em vez dos 640x1134 pixels originais.

Em vez de um processador dual-core com clock de 1,3 GHz, o modelo falso conta com um chip quad-core de 1 GHz. Embora numericamente os quatro núcleos possam parecer um avanço em relação ao iPhone original, na prática o sistema se comporta de maneira lenta e pouco fluída. Nem mesmo os 2 GB de RAM compensam o desempenho.

Embora na caixa o espaço de armazenamento informado seja de 64 GB, internamente são apenas 2 GB de espaço livre. A câmera traseira mantém os mesmos 8 megapixels, mas com sensores menos potentes e de baixa qualidade, o que resulta em fotos granuladas. A câmera frontal é de apenas 1,2 megapixel, enquanto a original tem 1,9 megapixel.
Diferenças gritantes em termos de software

Ao ligar o iPhone 5S o usuário percebe uma grande surpresa. As modificações aplicadas ao Android tornaram o sistema operacional uma cópia quase fiel ao iOS. Ícones de aplicativos e até mesmo layout de alguns apps imitam com perfeição aquilo que é proposto pelo modelo original. Entretanto, basta clicar no ícone da App Store para que a verdade venha à tona.

iPhone 5S pirata à direita.

Ao clicar no ícone é aberta a loja Play Store, revelando de uma vez por todas a farsa. As ferramentas de sistema são inacessíveis e muitos apps de benchmark sequer são instalados por conta disso. Todo e qualquer serviço exclusivo da Apple está presente na forma de ícone, mas ao clicar sobre ele você é direcionado para algum app similar ou para um serviço da Google.
Afinal, como identificar se um aparelho é original?

Como você já deve ter percebido nas imagens e no vídeo acima, identificar um aparelho pirata está cada vez mais complicado. O trabalho de cópia tem sido realizado de forma cada vez mais profissional e, por conta disso, consumidores menos atentos podem ser enganados com facilidade.

Em alguns casos, basta ligar o aparelho para perceber a diferença. Em outros, é preciso mexer bastante no produto e acessar as suas configurações por meio de apps específicos para confirmar se, de fato, existe algo de errado que resulte em um funcionamento abaixo do esperado.

Listamos abaixo algumas dicas que podem auxiliá-lo na hora de comprar um smartphone. Novamente, ressaltamos: é preciso prestar atenção em cada detalhe, pois mesmo aqueles mais experientes certamente podem se confundir em uma análise mais superficial.
Desconfie de preços muito baixos

O ditado popular diz que “quando a esmola é demais, o santo desconfia”. Sabemos que no Brasil os preços de eletrônicos não estão entre os mais baixos, então nada melhor do que aproveitar uma promoção, não é mesmo? Ainda assim, há limites que devem ser observados. Vamos analisar os aparelhos que compramos.



Um Galaxy S5 ou um iPhone 5S, na melhor das hipóteses, dificilmente será encontrado nas lojas por menos de R$ 1,7 mil. Se você pensar na versão importada do aparelho – nos Estados Unidos cada um custa cerca de US$ 700 -, o valor convertido também deve chegar próximo a essa faixa de preço.

Só por conta disso você já pode imaginar: qual é o milagre que o lojista conseguiu para vender cada um desses aparelhos por R$ 600, valor que não representa nem 40% do seu preço original? Não tenha dúvidas que, nesse caso, alguma coisa está errada. E não vai ser você quem vai pagar pra ver. Evite sem pensar duas vezes.
Produtos nacionais têm o selo da Anatel

Caso você esteja comprando um smartphone no Brasil e ele não seja um produto 100% importado, ao abrir a caixa do aparelho você pode ficar atento a outro item: o selo de certificação da Anatel. Isso garante que o produto foi submetido a testes de qualidade e respeita os padrões mínimos de segurança.



Esse selo pode ser encontrado no manual de instruções, no certificado de garantia ou ainda na própria caixa do produto. Alguns fabricantes chegam a colar o selo indicativo na traseira do aparelho. Obviamente sabemos que esse selo também pode ser falsificado, mas o fato de você conferir a existência dele já é uma garantia a mais de que se trata de um celular genuíno.
Cada detalhe é importante

Você pode ser facilmente enganado mesmo que observe os dois itens anteriores. Por conta disso, todo cuidado é pouco e nada melhor do que analisar as características físicas do produto antes de confirmar se ele é original ou não. Nesse quesito, há duas dicas fundamentais que podem ajudá-lo nesse processo.



Se você tiver acesso a um aparelho original, leve-o junto e faça um comparativo, colocando lado a lado os dois modelos. Em geral, os aparelhos piratas acabam “se entregando” no acabamento final. Procure por encaixes mal feitos, pontas mal cortadas, lentes desalinhadas ou cortes em tamanho maior do que o do modelo original.

Em alguns casos, o material de construção do aparelho também pode ser diferente. No caso do iPhone 5S que analisamos o acabamento ruim denunciou que havia alguma coisa errada. Já no caso do Galaxy S5, nem mesmo essas três primeiras dicas seriam suficientes para desmascarar o produto falso.
Software utilizado

Nesse ponto se torna possível identificar praticamente qualquer tipo de pirataria. Entretanto, é preciso ficar atento a diversas características do sistema operacional bem como testar aplicativos, em especial aqueles considerados exclusivos ou cujo funcionamento se limite a um aparelho ou fabricante.

No caso do Galaxy S5, por exemplo, a farsa pode ser percebida no uso do S-Health. Ao clicar sobre o aplicativo, exclusivo da Samsung, é aberto um software chamado Elan Heartbeat, que utiliza o mesmo princípio para mensurar os batimentos cardíacos. Ao clicar sobre o Samsung Hub, nesse caso, você é direcionado para a Play Store.



Já no iPhone 5S foi mais fácil ainda identificar que havia algo de errado. Como o sistema operacional da Apple é fechado e requer sempre autenticação, torna-se praticamente inexistente o número de cópias do SO. Contudo, não é difícil modificar um Android para que ele fique com a aparência igual à do iOS da Apple.
Características de hardware

Essa é a característica principal que deve ser observada pelo consumidor e é onde há maior probabilidade de você ser enganado. Antes de tudo, é preciso saber o que esperar do aparelho. Procure no site oficial do fabricante quais são as suas reais configurações de hardware antes de checar se elas estão corretas no produto.

É comum, entre os aparelho falsos, oferecer uma versão com apenas 1 GB de RAM quando na verdade deveriam ser 2 GB. O espaço de armazenamento também costuma ser menor do que o prometido: 4 GB em vez de 8 GB, 8 GB em vez de 16 GB e assim por diante. A qualidade das câmeras também pode denunciar que o produto é um “Capitão Gancho” dos eletrônicos.



Por fim, baixe aplicativos como o Phone Specs ou softwares de benchmark como o AnTuTu para conferir em detalhes qual é o hardware reconhecido. Fique de olho ainda na tela do aparelho: se a sua luminosidade estiver abaixo da exibida em um aparelho original, não pense duas vezes e evite comprar.
IMEI

Todo aparelho de celular possui um número único. Esse número é conhecido por IMEI (Identificação Internacional de Equipamento Móvel) e é exibido em uma sequência de números e letras. Para descobrir qual é o IMEI do seu aparelho, basta digitar o código *#06# no seu telefone. O número será exibido na sequência.



É preciso ficar atento, pois alguns falsificadores conseguem reutilizar IMEIs de aparelhos antigos, ou ainda usar IMEIs completamente falsos. Caso você caia em uma dessas, seu aparelho não homologado pela Anatel pode até mesmo deixar de funcionar com o passar do tempo.

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