- Em 5 anos, "Minecraft" foi de projeto de garagem a franquia multimilionária
Após crescer com seus blocos de montar, um público mais velho enxergou no jogo a possibilidade de não apenas criar, mas também de explorar e compartilhar esses mundos que antes ficavam presos à imaginação. Isso determinou o sucesso de "Minecraft".
Mas quem realmente fez com que a obra do programador sueco Markus "Notch" Persson ultrapassasse todas as expectativas foi um público diferente. Crianças e jovens que não tiveram tempo de brincar com as pecinhas de LEGO apossaram-se do game, substituindo os pequenos tijolos reais pelos blocos virtuais em seu imaginário.
Mundos flexíveis
Os blocos são as estrelas em "Minecraft". Com propriedades bem definidas e de simples compreensão, eles compõem os mundos do game e os dão personalidade. Apesar de parecerem absurdos, eles são muito lógicos. Exemplo: um bloco de carvão, após minerado, pode ser transformado em combustível. Um bloco de ferro, por sua vez, pode ser derretido e virar uma espada.
Em meio aos blocos, jogadores podem assumir dois papeis bem distintos.
No 'Modo de Sobrevivência', eles são exploradores, vulneráveis perante os monstros que habitam a escuridão, mas capazes de transformarem os recursos ao seu redor em armas, abrigo e suprimentos. Já no 'Modo Criativo' eles são arquitetos, livres para modificar os mundos sem quaisquer impedimentos.
Em ambos, os jogadores ditam as regras. "Minecraft" tem, sim, um estágio final, um grande chefão e uma tela de créditos - mas buscá-los é apenas um objetivo opcional.
Assim, fãs podem investir seus esforços na construção de uma cidade original inteira, ou então na recriação de King's Landing, um dos cenários de "Game of Thrones". Eles podem entrar em castelos abandonados para explorá-los, ou então andar em uma mesma direção com o objetivo de chegar ao 'fim do mundo'.
- Com paciência, fãs podem criar mundos impressionantes dentro do jogo
"O que eu mais gosto de fazer no jogo é construir casas, prédios e outras coisas", explica Gabriel Monteiro, 14, que em "Minecraft" vive em um pequeno vilarejo construído ao lado de seus amigos da escola. "Fazer isso sozinho não tem muita graça, mas poder mostrar o meu trabalho para meus amigos depois é muito divertido".
"Criar é divertido, mas compartilhar essas criações é ainda mais", diz o técnico de informática Rafael Santos, 23. "Quando eu era menor, tinha caixas de LEGO em casa, e me divertia muito com as peças. Mas a brincadeira acabava quando chegava a hora de guardar tudo. Em 'Minecraft', você pode criar uma casa e deixar ela lá. Talvez algum outro jogador encontre ela e faça uma reforma. Suas criações fazem diferença nesse mundo".
O fascínio de dividir um mundo paralelo com os amigos (e, por vezes, com desconhecidos) é o principal combustível do sucesso do jogo. Por causa dele, servidores de fãs conseguem se manter online através de doações dos jogadores e 'YouTubers' ganham a vida gravando vídeos deles mesmos explorando o game.
"Em uma brincadeira com LEGO, você pode imaginar que tem um castelo com uma plantação. Em 'Minecraft', você pode construir esse castelo e defendê-lo de monstros, e criar essa plantação cuidando para que ela receba luz e água para render frutos", exemplifica Rafael. "E tudo isso em primeira pessoa. Apesar dos gráficos bem simples, você é absorvido".
- Até mesmo os monstros do imaginário infantil estão em "Minecraft"
Espertos, "Notch" e seus companheiros do estúdio Mojang transformaram "Minecraft" em uma franquia.
Hoje, a marca está perto de se tornar um filme e já rende milhões de dólares por ano com a venda de brinquedos e roupas licenciados. Os personagens já são tema de decoração de festas infantis. Ironicamente, até mesmo kits LEGO inspirados pelo jogo existem.
BRINQUEDOS
Bonecos, pelúcias e até mesmo papercrafts de "Minecraft" já estão disponíveis para venda. No Brasil, os brinquedos serão vendidos pela Multikids, com preços sugeridos entre R$ 60 e 90.
"Minecraft" nasceu como um jogo independente de baixo orçamento e inovou na indústria de games - algo que as grandes produtoras raramente tentam fazer por medo dos riscos financeiros.
Essa experiência diferente conseguiu agarrar o público mais velho pela nostalgia, dando espaço para que eles expandissem suas fantasias de criança; e também os mais novos, que já conseguem dar forma à criatividade e mostrar o resultado para o mundo.
O jogo tem versões para PC, iOS, Android, PlayStation 3, Xbox 360 e Raspberry Pi, e em breve chegará também para PlayStation 4, Xbox One e PlayStation Vita.
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