quinta-feira, 18 de setembro de 2014
8 coisas que serão diferentes no mundo com o advento do carro autônomo
O carro autônomo promete ser uma das maiores revoluções no futuro próximo: um mundo onde nossos veículos não precisarão mais de motoristas humanos abre diversas possibilidades. Certamente suas implicações para o cotidiano são imensas, tanto que empresas como a Google parecem se esforçar para dar os primeiros passos nesta corrida.
Apesar disso, sabemos que o caminho para um futuro dominado por carros autônomos certamente será bastante complicado. Primeiramente, este tipo de automóvel será lançado em uma versão caríssima e simples, que ainda terá a necessidade de uma pessoa com habilitação próxima ao volante para dirigir em caso de acidente. Apenas quando a tecnologia baratear e seu uso começar a se tornar mais geral é que teremos chance de ver um cenário verdadeiramente dominado por vias de automóveis sem motorista.
Novas descobertas também sempre nos trazem um pouco de receio, especialmente quando se trata de carros, um bem de consumo extremamente perigoso e letal quando mal utilizado. Mortes por causa de automóveis costumam estar em primeiro lugar na lista de acidentes mais comuns em quase todo o Ocidente, e falhas no sistema de direção autônoma destes novos veículos podem acabar resultando em um crescimento desse número.
Se o público e a indústria conseguirem vencer esses medos e estes problemas, nós certamente teremos muito a prosperar pelo advento dos carros autônomos.
1. Menos acidentes de carro
Este é certamente o ponto mais importante. De todos os benefícios em termos de conveniência e praticidade, a maior vantagem de ter veículos autônomos é a promessa de reduzir drasticamente o número de acidentes de carro. Os Estados Unidos, em apenas um único ano (2010), conseguiu deixar clara a dimensão deste problema: 33 mil fatalidades, 3,9 milhões de feridos e 24 milhões de veículos avariados, resultando em uma perda de 871 bilhões de dólares.
De todos estes acidentes, 62% deles ocorreram indiscutivelmente devido a falhas humanas, como beber e dirigir (23%), ultrapassar o limite de velocidade (24%) e conduzir de maneira distraída (15%). Sabemos que sem este elemento humano, que dirige sujeito a todo tipo de cansaço e alterações de humor, os números de acidentes seriam bem menores. Certamente não podemos acreditar que eles não acontecerão, já que existem outros fatores que provocam esse tipo de incidente, como condições climáticas desfavoráveis, erros mecânicos, pedestres e até mesmo o azar, mas a grande maioria dos desastres iria cessar.
2. Revolução no design dos carros
Atualmente, os automóveis são desenhados com o objetivo de servir aos motoristas. Tudo é colocado e posicionado pensando primeiramente nesta função, incluindo aí o vidro da frente, um componente estruturalmente frágil e perigoso. Não importa o quanto os carros de hoje se tornaram mais seguros, passageiros ejetados pelo para-brisa ainda são uma das maiores causas de morte no trânsito.
Quando você remove a preocupação de ter tudo ao alcance do condutor, você pode transformar ainda mais o design interno dos carros, acabando com o vidro frontal ou com a obrigação de as pessoas se sentarem voltadas para frente. O ambiente pode se tornar mais social e oferecer muito mais diversão e interação entre os diferentes passageiros.
3. Mudando o design das estradas
As estradas hoje em dia são feitas de maneira a respeitar as capacidades e limitações de seus condutores humanos, com uma ampla variedade de sinais, marcadores no chão, luzes e dezenas de outras coisas. A construção civil deve levar em conta que nós fazemos curvas para a direita de maneira diferente que fazemos para a esquerda, que os limites de velocidade serão quebrados pelos motoristas, que é necessário que a rodovia seja visualmente coesa para motoristas de qualquer parte do mundo e muito mais...
Tudo isso poderá mudar quando todos os condutores na estrada se tornarem máquinas previsíveis no lugar de pessoas. Até mesmo os limites de velocidade poderão aumentar em determinadas retas e locais apropriados quando soubermos que atrás do volante estão reflexos automáticos e à prova de distrações. Grandes centrais de planejamento podem finalmente criar padrões de trânsito que funcionam de maneira ordenada e em harmonia para diminuir o tráfego exagerado das grandes metrópoles.
4. Transformando as companhias de seguro
As companhias de seguro de carros são um dos negócios mais lucrativos do mundo. O risco frequente de acidentes é o que mantém praticamente todos os motoristas temerários e dispostos a pagar por um seguro. Certamente, com a drástica redução dos acidentes (que pode chegar a até 80% de diminuição), as companhias de seguro terão que se readaptar e mudar. Talvez os advogados processem agora as novas montadoras em caso de acidente, responsáveis por guiar os veículos.
5. Transformando a cultura de carros
A cultura do carro, como o mais importante bem social de uma família, tem sido muito questionada nas últimas décadas. Os principais gestores das grandes cidades da atualidade já enxergam a cultura do carro individual como problemática para a mobilidade urbana, gerando trânsito e poluição desnecessários. Recentemente, vemos muitas polêmicas sendo levantadas enquanto mais cidades aderem à preocupação em reduzir o número total de carros e investir em transporte público ou ciclovias como resposta ao transporte individual.
Essa cultura do carro vai muito além do desejo de consumo. É inegável que existe um laço entre o condutor e o seu veículo, uma sensação de independência e proximidade. É muito provável que este sentimento diminua à medida que estes automóveis se transformem apenas em salas de luxo, se transformando efetivamente em um serviço de delivery de passageiros, e apenas isso.
Certamente ainda teremos motoristas no futuro, limitados a percursos offroad e carros de corrida, mas para a maioria absoluta da população, contaremos apenas com unidades de transporte coletivas ou individuais.
6. Carros como estações de trabalho
Hoje em dia é praticamente impossível trabalhar e dirigir ao mesmo tempo, mas com a invenção do carro autônomo, muito poderá ser feito para reverter este quadro. Pessoas que são obrigadas a fazer longas viagens poderão manter verdadeiros “home” offices motorizados durante o seu trajeto, investindo em um bom sistema de comunicação, com internet, telefonia e outras necessidades básicas.
7. O fim dos pilotos e motoristas profissionais
Outras profissões serão drasticamente transformadas com a chegada do carro autônomo, principalmente aquela de motoristas profissionais. O caminhoneiro é considerado hoje em dia como um dos empregos mais perigosos do mundo, apresentando o maior número total de fatalidades durante o exercício de seu trabalho. Esta é certamente uma das primeiras profissões a desaparecer com o advento dos veículos que andam sozinhos.
Outro elemento que tende a desaparecer são os motoristas de táxi, ainda que as empresas continuem a prestar este serviço, substituindo seus motoristas por computadores de bordo ou até mesmo garçons ou profissionais de entretenimento para os passageiros.
O fim de dezenas de carreiras, que atualmente ocupam milhões de pessoas ao longo do globo, certamente pode representar um problema a longo prazo. O advento do carro autônomo pode gerar uma grande massa de descontentes, ainda que o mundo esteja acostumado a este tipo de substituição, que vem aparecendo desde o início da Revolução Industrial.
8. O fim da privacidade de locomoção e o aumento da segurança
Já houve um tempo em que você poderia entrar em um carro e sumir do mundo. Era possível alcançar anonimamente quase qualquer destino continental. Hoje em dia, este direito de desparecer tem sido restringido, graças à quantidade absoluta de “pardais”, câmeras em rodovias, nossos celulares e outros dispositivos. Em um futuro de carros autônomos, suas idas e vindas ficarão para sempre registradas em algum histórico de algum banco de dados; mesmo que você apague o do seu carro, certamente o controle geral de tráfego saberá lhe informar os seus passos.
No fim, essa medida tem um ponto positivo: ela fortalece muito a segurança pública. Nunca mais teremos que lidar com perseguições de carro, rachas e todo tipo de oficial que fica apenas cuidando das leis de trânsito. Fora isso, a solução de crimes é muito mais fácil, já que podemos ter noção de quem visitou determinado lugar em determinada hora.
Roubos de carro também perderão sua e ficácea, pois a localização do veículo é pública e muitas vezes o funcionamento de um automóvel individual pode ser travado para responder apenas a uma pessoa em específico. Para roubar carros, os novos ladrões terão que ser hackers eficientes também, capazes de apagar as informações do veículo da central de trânsito.
Nesse último quesito, o futuro já é agora, e os carros inteligentes Teslas parecem ser o primeiros alvos.
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