KorruPTus foi desenvolvido pela empresa brasileira AGW para criticar o Partido dos Trabalhadores (PT) e seu governo nestas eleições de 2014. O game coloca o ex-ministro Joaquim Barbosa, manifestantes black blocs e o polêmico deputado Jair Bolsonaro como heróis contra Dilma, Lula, José Dirceu, Fernando Collor, José Sarney e outros políticos. A coluna Geração Gamer conversou com o desenvolvedor Alexandre Rodrigues de Carvalho (33), o “Alex Roger” para conhecer melhor o jogo. Confira.
Jogo brasileiro critica claramente o PT, incluindo a presidente Dilma Rousseff
Como funciona o game?
No jogo o Brasil foi tomado pelos KorruPTus, que são versões piratas de famosos políticos que aparecem nos nossos jornais. As fases do game são os meses do ano, cada um com um chefão diferente. Para sobreviver, você precisa economizar seu salário mínimo e colecionar cards dos heróis famosos que podem acabar com a corrupção. Em meses específicos, como janeiro, você tem menos dinheiro devido ao IPTU e ao IPVA.
Os piratas tentam tirar recursos do Brasil, em Brasília, para enviar o dinheiro até Cuba. Sua maior briga no game é evitar os roubos. De acordo com os criadores, o objetivo do game é brincar com caricaturas da sociedade brasileira e conscientizar as pessoas sobre a importância da política.
Criador diz que o jogo terá expansão
O criador do jogo usou as acusações de corrupção ao governo federal e ao PT, mas também falou sobre os casos do Mensalão Mineiro e do Cartel do Metrô de São Paulo, envolvendo políticos do PSDB, da atual oposição à presidência.
Alex Roger deu seus motivos para criticar o PT em um jogo brasileiro
“O jogo, quando inicia, tem um mapa do Brasil e várias regiões com cadeado. A única liberada é a Centro-Oeste, com a cidade de Brasília. Fizemos assim porque nas próximas eleições o foco central é a presidência, mas já deixamos claro que vamos liberar cada estado e fazer personagens tematizados, assim como cenários. Nessas fases, serão citados os problemas regionais”, afirma Alex.
O desenvolvedor não fez faculdade para criar games e é autodidata. Morador de Vila Velha, no Espírito Santo, o empresário Alex Roger resolveu desenvolver jogos justamente por ser um fã da maioria das gerações de consoles, além de ter vontade de criticar a política.
Os políticos que são retratados no game
O ex-ministro Joaquim Barbosa é um juiz com um martelo gigante e uma roupa parecida com a do super-herói Batman. Os políticos petistas são retratados como piratas que estão roubando o Brasil para alimentar Cuba, acompanhado por marujos do PMDB, como José Sarney e Michel Temer. O deputado polêmico Jair Bolsonaro é retratado como um herói militar poderoso, contra os vilões do jogo.
“O jogo é uma sátira clara e direta ao governo atual e sua cúpula, mas não criticamos só os 'petralhas'. Ele mostra problemas que, na minha visão, são graves, como impostos e serviços essenciais que temos que pagar por fora porque o governo não nos ajuda. É caso da saúde e educação por exemplo. O game é voltado para o cidadão de bem que fica preso dentro de casa, enquanto a justiça solta os bandidos por não ter onde colocá-los. A impunidade no Brasil é perigosa, ao meu ver”, afirma o desenvolvedor.
Os vilões e os heróis em KorruPTus
Até os black blocs são 'heróis'
Os famosos black blocs também são retratados como "heróis" contra a corrupção do governo dentro do game. Para mim, os black blocs se manifestavam pacificamente e apanharam de graça. “Por isso, eles resolveram reagir a essa violência e acho que querem falar mal da proposta deles enfatizando um grupo pequeno que fazem baderna, assim como temos nas torcidas organizadas”, completa Alex.
Também aparece no game a apresentadora Rachel Sherazade, que fez declarações controversas sobre os linchamentos no Brasil na televisão. “Eles todos são heróis para mim. O Bolsonaro ataca diretamente a impunidade e acha que os bandidos julgados devem pagar severamente por seus crimes. Ele tem outra opinião sobre outros assuntos? Tem! Mas não me interessam para este jogo. Para uns ele é um vilão e para outros, não. A Sherazade é fantástica e tem a coragem de dar as informações que precisamos em um linguagem que o povo entende”, defende o desenvolvedor.
Joaquim Barbosa presidente? Para jogo brasileiro, sim, que também o retrata como "Batman brasileiro"
O que motivou a criação do jogo?
Para Alex Roger, as chamadas “Jornadas de junho de 2013" foram o principal motivo para a criação do game. “As manifestações trouxeram uma energia para o povo e isso contagiou o mundo. Todos queriam uma vida melhor e não pediram muito, só mais saúde, educação e segurança. Fui contagiado por isso e fui pra rua com meu filho de 8 anos para sentir a paixão. Pena que isso acabou e justamente por essa causa que eu resolvi fazer esse game. Ele não é nada mais e nada menos do que manifestação”, completa.
De acordo com o desenvolvedor, 11 pessoas fizeram o KorruPTus, com reforço de mais quatro programadores e artistas. Entre a ideia e o jogo pronto, passaram-se 40 dias. O game passou por ajustes na App Store da Apple e na loja do Windows Phone antes de ir ao ar. A loja Google Play colocou o jogo em apenas duas horas, enquanto a Microsoft fez o mesmo trabalho em 20 minutos e a Apple em 12 dias.
“O jogo tem uma mensagem clara para as eleições de 2014: Não votem nesses caras. Também quero que pensem bem antes de votar, porque isso vai refletir na sua vida como um todo”, finalizou Alex Roger
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